quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As células estaminais mesenquimais





A primeira referência sobre o isolamento de células estaminais mesenquimais (CEM) foi publicada em 1997. Desde essa altura o conhecimento sobre este tipo de células evoluiu bastante e actualmente já é possível caracterizá-las com relativa facilidade. As CEM são células indiferenciadas, com capacidade de auto-renovação e uma capacidade proliferativa, ou seja, de multiplicação, muito elevada. Possuem uma característica muito importante de suporte do crescimento e da expansão das células estaminais hematopoiéticas (as isoladas a partir do sangue do cordão umbilical), promovendo igualmente o seu enxerto quando aplicadas em conjunto. Podem diferenciar-se em condrócitos (células da cartilagem), osteócitos (células de osso, tendão ou ligamentos), adipócitos (células de gordura) e miócitos (células de músculo).
As células estaminais mesenquimais podem ser isoladas essencialmente a partir de 3 fontes: sangue do cordão umbilical (SCU), matriz do cordão umbilical (MCU) e a partir da medula óssea (MO).
O sangue do cordão umbilical, rico em células estaminais hematopoiéticas (que se diferenciam maioritariamente em células do sistema sanguíneo) possui também células estaminais mesenquimais, mas em quantidades muito reduzidas. O seu isolamento, a partir do sangue do cordão umbilical, é controverso não se conseguindo CEM em grande parte das amostras de sangue de cordão umbilical.
Também na medula óssea e no cordão umbilical, para além das células estaminais hematopoiéticas, existem células estaminais mesenquimais. É possível isolar um número muito superior de células comparativamente ao SCU.
Na medula óssea o processo de obtenção das células é doloroso, implicando sempre a aplicação de anestesia geral, e tem um rendimento muito baixo.
Em oposição, o isolamento a partir do tecido do cordão umbilical tem um rendimento de 100%. Ou seja, é possível o seu isolamento a partir de todas as amostras. É um processo não-invasivo tal como o do sangue do cordão umbilical.
O isolamento pode ser efectuado a partir da matriz ou estroma do cordão umbilical (Wharton´s Jelly) e do subendotélio da veia do cordão umbilical.
Em laboratório estas células podem ser identificadas através da sua morfologia (fibroblastos que crescem aderentes a uma superfície) e de marcadores característicos presentes na sua membrana.
Para além das características enunciadas, as CEM isoladas a partir do cordão umbilical não possuem um complexo de histocompatibilidade major completo encontrando-se ausentes os genes do subgrupo II e um gene do subgrupo I (HLA-DR). Esta característica tem uma enorme importância quando se trata da compatibilidade entre o dador e o receptor. Mesmo não havendo uma compatibilidade entre o dador e o receptor, a probabilidade de ocorrência de doença do transplante contra o hospedeiro (ou seja, a rejeição por parte do receptor do transplante) é praticamente nula.
Foi, de facto, observado que a primeira injecção de células estaminais mesenquimais não produz qualquer resposta imunológica (não houve a produção de anticorpos). Só após repetição de injecções se verifica, em alguns casos, uma resposta imunológica com estas células não havendo, no entanto, rejeição do transplante.

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